“Um dos maiores desafios da promoção de uma comunicação antirracista é, justamente, a negação do racismo”, afirma Deh Bastos, comunicadora, mãe e promotora de comunicação antirracista. Administradora do perfil do Instagram @criandocriancaspretas, com mais de 75,3 mil seguidores, Deh é a convidada para a Roda de Conversa Virtual “Educação Antirracista”, que será promovida pela Fiocruz Brasília na próxima terça-feira (25/8), às 14h. A iniciativa integra os projetos da instituição Conviver: 365 dias de Consciência Negra e Vivenciando a Maternidade no Trabalho.
O evento, voltado aos trabalhadores da Fiocruz Brasília, é aberto ao público e será realizado na plataforma Zoom (https://zoom.us/j/92602176688). A roda será moderada pela colaboradora da Fiocruz Brasília Mariluce Conceição, mãe de Arthur e Heitor, e representante de uma associação de famílias que convivem com a Síndrome de Williams em Brasília. Entre os temas de destaque, a roda de conversa abordará o que é o racismo brasileiro, entendendo “como é que, de alguma forma, todos nós ou somos prejudicados ou somos beneficiados por essa sociedade que é estruturalmente racista”, afirma Deh. Conforme a comunicadora, é preciso entender essa dinâmica para tornar-se agente de transformação e mudança, e sair da superficialidade e dos debates rasos. “Quando as pessoas falam sobre questões antirracistas, muitas delas se preocupam em saber se chamam as pessoas de negras ou pretas, e isso mostra o quão superficial é o entendimento das pessoas sobre as questões raciais”, exemplifica. Deh pontua, como problemas efetivos, o genocídio e extermínio dos jovens negros da população brasileira e a falta de representatividade na liderança e no poder.
“É importante discutir a educação antirracista na nossa sociedade porque a maior parte das pessoas têm um entendimento muito raso sobre o que, de fato, é o racismo, e como a nossa sociedade brasileira estruturou esse racismo. Já falamos sobre o racismo estrutural, entendemos que ele se apresenta na forma como pensamos e vemos as coisas porque aprendemos desta forma, e que inclusive está presente na forma como a gente ensina para as crianças”, alerta. Para Deh, agora é o momento de entender como se deu essa estrutura. “As pessoas sabem muito pouco sobre a política de apagamento, de embranquecimento, sobre o mito da miscigenação, da democracia racial. Sabe-se pouco e estuda-se pouco sobre como chegamos até aqui”, acrescenta.
Deh explica que, como indivíduos, as pessoas não se enxergam como racistas, e apesar de perceberem que a sociedade é racista, “não enxergam que, como indivíduo, fazem parte disso”, ressalta. Para ela, é necessário buscar aprendizado para ter um entendimento maduro sobre o que é racismo para, assim, poder combatê-lo, “para que possamos ter ações, fazer o antirracismo, que é, nada mais, que a prática do combate”.