O Sr. Silas retornava para a casa pelos labirintos de becos e ruas estreitas do centro da cidade. Acabara de deixar as luzes douradas das grandes avenidas e seguia em direção de seu apartamento. Nada de agitação e brilhos. Apenas figuras tardias e agasalhadas. O homem penetrara nos buracos de metrópole. E andava devagar, de cabeça baixa. Talvez ruminasse algum problema e andava devagar porque ficara em pé o dia todo. Era uma noite horrível, úmida, nevoenta. A neblina penetrava a garganta e os olhos, os reflexos de luz, gordurosos, davam-lhe calafrios. O Sr. Silas desviou a vista os sujos tijolos que formavam o horizonte e pousou-a meio quilômetro mais à frente. Viu uma cozinha iluminada e a mesa posta. Havia torradas no fogão, uma chaleira que cantava e uma profusão de petiscos doces e salgados. A visão emprestou uma nova energia aos pés doloridos. Sacudiu os ombros e apressou o passo. Mas o Sr. Silas não iria jantar naquela noite – nem em qualquer outra. O Sr. Silas iria morrer. Atrás dele, a uns cem metros, caminhava outro homem: um homem comum, até parecido com o Sr. Silas, mas com o coração morto. Esse homem dissera a si mesmo que o Sr. Silas nunca mais chegaria à sua casa para jantar. A morte de Sr. Silas ocorreu lenta e dolorosa. O homem de coração morto fugiu, satisfeito com seu trabalho. Mas na manhã seguinte, as pessoas que passavam por aquele beco, ficavam assustadas e tomavam outro caminho, e avisaram a polícia, que contatou a Sra. Silas, que ficou extremamente preocupada, e sofreu muito. Considerando o teor da história, crie um título adequado para ela.